domingo, 28 de novembro de 2010
Uma vontade repentina
Foi uma vontade repentina de um domingo à noite. Uma vontade de segurar os minutos pelas mãos e delicadamente lhe pedir calma. Fechar-lhe os olhos fechando os meus ao mesmo tempo, pedindo-lhe calma com eco para mim mesma. Pegar os minutos pelas mãos e passear sobre as sombras de luzes que sobram no mar e ir para lugares em que as pessoas não vão e parar para observar coisas que as pessoas nem veem. Uma vontade repentina de um domingo à noite de caminhar na areia fria e refletir desenhos abstratos, de gritar coisas que eu não digo e repetir o que eu já disse, enfatizando partes que ficaram ocultas. Pegar os minutos pelas mãos e deitá-lo na cama enquanto eu possa discretamente sair e viver. Viver sem pressa. Respirar sem pressa. Pressa que nem vem do tempo, vem de mim. Uma pressa que me desperta às quatro da manhã e me chacoalha e me interroga. Pressa que me faz correr e ver tudo de perto sendo que a nitidez vem da distância. Uma vontade repentina de um domingo à noite de sentar e com calma esperar o sol nascer, molhar os pés nos primeiros raios do dia e ir embora aceitando plenamente que ele tem que continuar.
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