terça-feira, 13 de julho de 2010

Nem sempre são cores

Chove muito lá fora e eu estou bem aqui, nesse momento é tudo o que eu sei. Mesmo que eu soubesse ou quisesse saber mais, nada mudaria a condição de que neste momento chove lá fora e eu realmente estou bem, aqui. Bem aqui, no mesmo lugar. Observando a fumaça espiral que sobe da caneca amarela, cheinha. Cheinha de calor e de coisas que canecas são cheias. E logo ao lado a xícara vermelha com a cara do Che que está jogada, suja e vazia. Como o chinelo verde, perto da porta que também está jogado e ainda tem barro, ninguém sabe de onde e ninguém nunca vai saber, até os chinelos verdes tem seus segredos, tudo e todos têm e eu rezo para que eles permaneçam. A vida sem segredos e sem mistérios é chata, chata. O bom de viver é tentar descobrir os segredos que nós mesmos guardamos tão bem guardados que não podemos desvendar. As cores gritam tanto, falam, falam, são hiperativas e danadinhas, se todos parassem para ouvir, não haveria solidão, ainda bem que nem todos param. E esse cheiro de noite, tem cor também? Deve ter. É engraçado como não se pode ver cores sempre, é engraçado como só vemos cores quando estamos bem, seja aqui, ali, ou em qualquer cantinho com um pouco de luz.

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