domingo, 18 de julho de 2010

É a sua vez

Às vezes eu sou poeta do vento e faço do meu silêncio um conforto para seu grito. Às vezes eu sou o escuro da noite e contribuo com o breu para que as luzes possam brilhar. Às vezes eu sou um buraco para armazenar resto de chuva e lembrar outras pessoas que ela pode voltar. Que sempre irá voltar, sempre com outra intensidade e até outra cara. Às vezes eu sou também o frio da nuca no verão e o calor da espinha no inverno. Às vezes sou o violão que você faz de mesa e outras vezes a mesa que você batuca. Sou a borracha que some quando precisa e o convidado que vai embora quando você quer que fique. Às vezes sou a sombra em dias insuportáveis de calor e sou insuportável em dias tranquilos. Às vezes sou aquela bebida que você prometeu nunca mais beber e o cigarro que tinha parado há algum tempo. Sou o chocolate que você encontra no fundo do armário às 3 horas da manhã, o toldo na chuva, o pneu furado na estrada e o abraço em uma noite solitária de domingo. Você sabe que entre bem e mal, agradável e o insuportável eu sempre sei ser os dois e confesso, tenho sido. Mas nesse momento eu sou o vácuo. É a sua vez de me preencher com algo.

5 comentários:

  1. Você tem sido meu espelho, leio suas palavras da mesma forma como falo para o espelho. questionando aquela imagem que não representa o que realmente sou. você certamente não é o a bebida tão pouco o cigarro, mas com toda certeza, é o abraço que me faltou neste domingo.

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  2. Adoro seus textos, Mariana. Nunca pare de escrever. Nunca.

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  3. Me lembrou isto: http://letras.terra.com.br/maria-bethania/47242/

    É difícil cobrar... As pessoas não reagem muito bem a qualquer coisa parecida com: "Eu fiz tanto por você, você tem uma dívida comigo.". ;/
    (:

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  4. Claro, concordo. Mas o texto não se trata de uma cobrança/dívida, é uma sutil troca de necessidades. Enquanto a música eu ainda não conhecia :)

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  5. Quem cuida também necessita de cuidados.
    Jefhcardoso do
    http://jefhcardoso.blogspot.com

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