domingo, 7 de fevereiro de 2010

Ele sai é de mim

Da minha janela não entra vento. Ele sai é de mim. Meus sentimentos estão nas entrelinhas, é preciso ler. Hoje eles não vão explodir sozinhos, é preciso provocar.
Eu rasgo as linhas à procura de algo mais. Ultrapasso os limites para espiar o que acontece do lado de lá. É, eu sempre preferi o lado de lá. É mais calmo, nada de muito trânsito. Um mundo paralelo tranquilo. Mas eu gosto do turbilhão, então fico entre lá e cá, vou e volto, cá e lá. É sempre assim. O céu de lá não tem cor. O mundo de lá não tem cor. Eu pinto como eu quiser. Aqui já colocaram umas cores caidinhas e eu tenho que me acostumar. A palavra “ter” não permite o “dar”. Há um forte antivírus entre ambas. Mas eu também nunca segui o permitir, portanto eu tenho e dou, peço e roubo, é um ciclo sem fim. É um ciclo que eu não sei como inicia muito menos onde encontro os botões de controle, então eu vou apertando todos até acertar. Acertar às vezes é um erro, um erro gravíssimo. Errar é comigo mesma. O Acertar eu divido com os outros. Quando eu erro, eu tento de novo. Quando acerto é uma vez só. Daí o controle foge das minhas mãos e passa a ser da memória. E ela muda o tempo inteiro, a gente não se entende. Eu faço o back-up e ela apaga. Eu digo esse não e lá vai ela. Os rostos se esfarelam, os acontecimentos se fragmentam, mas os erros ficam. Por isso eu erro mais e guardo mais. Acerto menos e ela não leva. Quem leva sou eu. Do meu violão não sai som. Ele sai é de mim, mas eu vou engolir e manter o silêncio.

Um comentário:

  1. Sentimentos... "Hoje eles não vão explodir sozinhos, é preciso provocar."

    Quase sempre provoco os meus (pelo menos quando quero vê-los "materializados" em palavras). Gosto da arte vomitada, entretanto, ultimamente a provoco.

    "Do meu violão não sai som. Ele sai é de mim..."

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