sábado, 6 de fevereiro de 2010

O dia

Hoje é o dia. Hoje é o dia em que eu visto minha fantasia de mulherzinha estereotipada pelo machismo moderno. Moderno, antigo, em transição...ou seja, a porra do machismo.
Nas ondas do silêncio eu grito a histeria. E eu quero correr, e eu quero gritar, e eu não sei o que eu quero, o que eu espero, nem o que eu preciso. Eu preciso de mais tempo. Não sei ao certo o quanto eu tenho, mas eu preciso de mais.
Ah, não me venha contar seu dia. Eu não quero saber do clima, da política, nem do mundo. Hoje eu sou o egoísmo triplicado do eu. Eu preciso falar de mim porque eu estou sentimental. Eu preciso falar só de mim e se você não quiser ouvir, tudo bem, eu falo comigo mesma. Existem milhares de espelhos pendurados pela casa e eles vão ter que me escutar, ah vão.
As pessoas tem medo da loucura. As pessoas são tão chatas, esquisitas e complicadas. Elas tem medo da loucura e ficam loucos por evitá-la. Eu não sou complicada. Na verdade eu sou sim, bastante. Mas não é de propósito. Eu sou assim porque não sei ser de outro jeito. Eu sou complicada porque não sei ser simples. Se soubesse o seria.
Existe uma guerra psicológica e a loucura causa mais terror do que o sangue, então eles vencem. O mundo está cego, e olha que eu nem enxergo para ver isso. Mas eu sinto que está cego. Eu estou vazia, você está cansado e a gente está morrendo e eu preciso de mais tempo e mais paciência e um par de olhos. Bons pares de olhos. Que veja sobre a cegueira do mundo, que não leia cifrões e não olhe para o espelho. Ah, se eu puder encomendar eu também quero uma dúzia de solidão. Não para mim, mas para eles, porque é impossível pensar em meio a tanto barulho.

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